sábado, 5 de março de 2011

Olha,
mas não vê.
Fala,
mas não conversa.
Toca,
mas não pega.
Deseja,
mas não absorve.
Ama,
mas não quer.

confuso poema

Vida confusa
Confusa essência
Abre a porta
E entra.
Aqui
Instala-se,
Convive,
Bagunça...
Retorna ao desconhecido
onde tudo se originou.

terça-feira, 1 de março de 2011

Amor é velho sempre

Ela era daquelas garotas típicas da nova geração, ouvia música em seu mais novo dispositivo eletrônico, tinha mil amigos online, conseguia falar com muitos deles ao mesmo tempo e adorava assistir seriados "cult" em emissoras da TV por assinatura. Uma moça comum, uma vida comum, simples assim... Jurava pra todos que era moderna, que não tinha preconceito e que o amor era um sentimento louco e muitas vezes ultrapassado. Vestia-se de modo peculiarmente moderno, sabia valorizar suas qualidades e disfarçar seus defeitos... Era um dom que ela tinha: sabia se vestir muito bem. Era uma garota comum, com hábitos comuns.
Nome? Lis... Seus pais adoravam a música daquele sujeito chamado Djavan, que certa vez embalou o amor daqueles velhos, cantando, dedilhando, musicando o beijo dos dois em tempos atrás... A composição pedia perdão por um erro cometido por amor, já que em sua poesia dizia "eu só sei que amei, que amei, que amei, que amei"... Seria essa música, música que deu origem ao seu nome, responsável pela confusão dos sentimentos que brotavam naquele coração que se dizia moderno? Modernidade não era compatível com o sentimento da sua vida naquele instante... Justo ela? Uma garota da geração X, Y, Z... Tudo aquilo era novo pra ela, mas velho conhecido de qualquer ser humano: o amor, sentimento mais nobre, louco, confuso, lindo, pulsante, vibrante que alguém pode sentir...
O amor é assim chega de mansinho, se instala e faz o homem agir como os seus pais, avós, tataravós e afins... Faz o jovem ficar velho, pois esse sentimento é sempre assim... uma coisinha, cheinha de surpresas...
Lis, agora é outra pessoa, pois quando se descobre o amor, nunca mais se é a mesma pessoa. Esse sentimento é transformador... Lis olha os CDs de seus velhos pais, acha os do Djavan, seleciona alguns, decide começar por um que tem uma música chamada "Faltando um pedaço". Coloca em seu notebook o cd do cara, a música começa: "O amor é um grande laço, um passo pruma armadilha, um lobo correndo em círculos, pra alimentar a matilha..."Ela entende pela primeira vez a poesia daquela música, seus olhos enchem de água, seu peito aperta, seu corpo se solta...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

CARNAVAL

Olhava a folhinha constantemente... Ela sabia que faltavam alguns dias para chegar o tão esperado dia de vestir sua fantasia... Sim, queria se fantasiar, queria travestir não só ela, mas toda a sua vida, queria poder colorir aquela mancha do seu coração com as mesmas cores que via em sua linda fantasia. A fantasia da moça era de Colombina... Triste Colombina abandonada pelo seu Pierrô... Nunca a fantasia foi tão real! A dor daquela fantasia também era dela. Porém, a Colombina sempre encontrava o Pierrô, sempre... Essa era a magia do carnaval, ela sabia como tudo acabaria, mas desta vez a cor da sua vida estava estranha, o seu par não estava por lá... Mas sim, o dia estava chegando, dia da magia, dia do lúdico pintar os dias da real Colombina.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O som que ecoa da caixa acústica que faz parte de mim é hoje um grande descompasso... Tô no contratempo da batida, um pouco no breque, atrasada no ritmo da percussão, porém sonhando com a harmonia que um dia sei que invadirá essa caixa que de quadrada nada tem... não tem linha definida, nem forma regular, é toda desregular, porque é ela a responsável por todas essas batidas imperfeitas que insistem em me acompanhar... Como fugir deste descompasso? Como acertar o ritmo? Não sei! Mas sei que a batida hoje e desconhecida...

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Azul, laranja e uma mistura de cores, prenunciavam o novo dia que, surgia no horizonte daquela janela localizada exatamente no sétimo andar, da avenida central da capital. A capital naquele instante tornara-se menor do que na noite anterior, ela se tornou pequena de repente, mínima, insignificante até, sim, a capital não era mais a senhora de seu destino... A capital era simplesmente o local de sua moradia.
Sempre achou que aquela cidade era a responsável pelo seu destino, que a cidade tinha a imensidão necessária às suas buscas. Enganou-se! Na noite anterior deparou-se com uma situação muito diferente das habituais. Parte de suas buscas mostraram-se em outros olhos, olhos conhecidos, corriqueiros, mas que naquele instante tornaram-se novos, misteriosos e sedutores... Realmente aquilo estava acaontecendo? Estava?
Onde se encontrava aquela certeza que era a cidade a responsável por tudo, acreditava piamente que seria feliz lá na capital, porque lá tudo era mais "generoso", os salários melhores, mais oferta para locar um canto, mais gente, mais possibilidade... mais, mais, mais, mas se esqueceu que muitas vezes é o menos, o simples, que traz o ideal para uma vida.
O azul já havia tomado conta de sua janela e o astro amarelo iluminava o prédio antigo da estação... Era momento de andar por aquela cidade, que naquele instante era cidadezinha, precisava sair daquele canto locado e encarar aqueles olhos da noite anterior. Será? Será que não foi um impulso - fruto de uma embriaguez - que reformulou aqueles sentimentos todos? Ainda estava tomada por aquela avalanche de emoções. O que aconteceria então? Não sabia, não entendia, mas gostava, curtia, saboreava aqueles sentimentos novos e tão conhecidos daquele velho coração... Percebeu que seu coração não estava 'morto"... Ele vivia e estava disposto a suportar qualquer emoção...
Fechou a porta e abriu a janela... Venha o que vier!