domingo, 26 de outubro de 2014

AMOR É JOGO?

Aquela noite tomou coragem e declarou-se para sua paixão. Tinha muito medo do não como resposta, pois sabia que não conseguiria lidar com a rejeição, mas mesmo assim mandou sua mensagem.., Como diria seu amigo: "cara, no virtual a gente é mais corajoso". E assim se encheu de coragem e clicou na flechinha responsável por seu destino... dois demoradíssimos minutos depois, uma meiga e esperançosa resposta. Sua alma transbordou-se de felicidade e o mundo ganhou novas cores, cheiros e aromas. Quem foi o idiota que disse que homem não se apaixona? Sim, ele estava enamorado, envolvido e marcado com aquele novo respirar tão maluco e delicioso. Tudo era deliciosamente gostoso e perigoso. Sentia medo, há tempos que ele não se envolvia com ninguém. Pagou a conta e ficou pensando se era corajoso mesmo ou tudo tinha sido uma questão mais etílica do que a ação de um homem destemido... O importante era que obteve a resposta que queria, pela primeira vez a moça fora sincera e abrira seu tão obscuro e misterioso coração. 
Simpaticamente o dia raiou e convidativamente o acordou. Disposto, revigorado e exalando amor chegou ao seu terrível, chato e insonso escritório. Aquelas baias não eram mais problemas para ele. Seu celular ficou no bolso o tempo todo, algo que não fazia, pois sempre abominou aqueles que não desgrudavam desses aparelhinhos maquiavélicos inventados apenas pra afastar corações e destruir sentimentos. 
Achou-se no direito de mandar uma mensagem "fofa" para ela, não, muito meloso seria isso, então, como um artilheiro nato, matou a bola no peito e com toda a certeza do mundo que aquele gol já estava ganho, ou melhor, que o campeonato já tinha o seu campeão, foi direto: "quero beijar você". A resposta não o convenceu,.. achou fria, boba e até agressiva. Mandei pra pessoa de ontem, mesmo? Porém, resolveu brincar e provocar seu leão, ou melhor, sua leoa. Recebeu os desejosos beijinhos, não seria esse o sinal de que deveria pegar a bola e encerrar o jogo com um aperto cordial de mãos? não, um jogador artilheiro não olha pros lados, é egoísta, chato, marrento. E como um novo Romário decidiu investir em seu gol. 
Achou sinceramente que tudo estava encaminhado, Oras, ela me quer! Me manda beijos, me chama de lindo, faria isso se não me desejasse?
Mal ele sabia que para ela ele era sua vaidade, como diria a canção da marrom, que todos os apaixonados ouvem, principalmente aqueles que não se decidem... Sim, o amor é brega, cafona e cheio de idiotices... E ele mais um idiota apaixonado abriu seu coração... E... Nada de receber de volta um pouco de amor, apenas carinhas e frases monotemáticas, cheias de duvidas... Ele, como todo cego de amor, acreditou ser charme, mulher gosta de um charminho. E ansioso findou-se aquele dia.
O dia do seu convite chegou e ele sabendo que não era chato, burro e muito menos feio, começou a achar que tinha feito a maior tolice de sua vida. Mas um coração cheio de amor é um peito lotado de ilusão e nela se agarrou até o momento que o juiz apitou o fim do jogo. Sabe, o Romário não marcou nenhum gol. Saiu de campo arrasado, humilhado, mesmo com a torcida gritando seu nome. Não, não queria o grito da torcida, queria uma única e bela torcedora chamando por seu nome. Pedindo para que fosse o artilheiro de seu coração... Mas, jogo é jogo... um perde e outro ganha. O que dói na alma dele é a certeza de saber que não entrou pra jogar, mas sim partilhar uma vitória chamada AMOR...

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Posso fechar, mas nunca controlar

Sem querer, mas sabendo do risco que corria, resolveu olhar de verdade no fundo daqueles olhos claros e cheios de mistérios...Pareciam os olhos de cigana de Capitu, tinham a intensidade do olhar de Pedro Missioneiro, exalavam códigos indecifráveis a la Guimarães em suas novas construções linguísticas... Eram dele seus desejos, só a eles pertenciam os mais loucos e sinceros sentimentos que a mantinham viva naquele tsunami pelo qual estava passando. Os lábios desejosos de amor pulsavam como Ana Terra em seus banhos na canga... Era pura paixão, carnal, visceral, cheia de desejos recolhidos e tolhidos por anos e anos de prisão emocional com a qual convivia!
Todos os dias eram aqueles olhos que a acordavam e a faziam dormir, cada vez mais ansiosa por poder entregar-se àquela paixão juvenil, pueril e até infantil com a qual estava convivendo... Percebeu tratar-se de uma grande ilusão... De uma tolice... Como diria os versos daquela canção "é tolice eu sei, você não sente os meus passos, mas eu imagino, mas eu imagino..."
Tentou, em vão, conter os impulsos daquele coração que cismou em batucar num novo e desconhecido compasso... Não tão desconhecido, talvez saudoso fosse o termo mais correto... Que saudades daquelas borboletas pelo estômago e daquele frio que percorre a espinha e faz a boca suspirar de paixão...
O mundo parou quando os olhos dele se cruzaram sem nenhuma armadura com os dela. Estavam nus, mesmo que vestidos com todas aquelas roupas típicas de inverno. A paixão consumiu as bocas daqueles seres, que não puderam por capricho dos deuses concretizar o que sentiam,., Ficou o cheiro, o toque, o frio na espinha, a doce e amarga lembrança do que nunca poderia ter sido...
Vivem próximos, esbarram-se, olham-se, sentem de verdade muito desejo um pelo outro, mas a maldita da razão impede que tudo ganhe novos ares, suaves contornos e intensas pulsações... São dois, mas queriam ser um... talvez um queria mais e o outro tenha mais é medo... não se acertam, mas não conseguem ficar longe... algo maior os atrai, porém também os repelem... Será amor? Será paixão? Só tesão? Tudo junto e misturado?
Nunca saberão, pois decidiram fechar as janelas e portas do coração para que ela não se atreva a atrapalhar suas vidas... Mas a alma, ah, essa nunca pode ser trancafiada...

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Se eu pudesse entender já teria escrito um livro inteiro de 1000 páginas sobre mim e você!

terça-feira, 22 de abril de 2014

Carne, osso e solidão

Ainda que você soubesse de tudo, eu não saberia explicar o que esse tudo representa. Não sei como você teve a ousadia de invadir minha vida sem pedir licença ou dar qualquer sinal de que o faria. Nunca gostei de surpresas, principalmente aquelas que envolvem o coração. Sabe, por quê? Porque meu coração é burro. Ele não entende que apaixonar-se nem sempre é algo produtivo e benéfico. Oras, logo você que é tão estranhamente estranho e totalmente avesso às coisas que me norteiam...Todo sério, todo risonho, todo louco, todo certo, meio sorridente, meio agressivo... Você é agridoce...Ao mesmo tempo que adoça minha vida, também a azeda. Em meu sonho tens um lugar especial e traz ao meu peito e corpo uma calma que acarinha meus desejos por seus beijos. Mas na realidade tenho de conviver com seus "bons dias" azedos e cheios de mal humor e mesmo assim, durante a noite, você insiste em acarinhar-me em sonhos cada vez mais intensos e surreais. Não conseguiria falar a ti o que sinto, uma vez que nem eu entendo o compasso que tem regido o pulsar de meu coração, mas tenhas certeza meu querido novo amor, seus olhos me fazem bem e seus passeios pelos meus devaneios renovam-me a esperança de que ainda sou feita de carne e osso...

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Amor viniciano...

             Sem que ele sequer soubesse tornou-se a fonte dos desejos dela. Ele era o cara por quem ela esperara há anos. Mas alguém já havia resolvido encontrá-lo antes dela, que dor sentia no peito ao lembrar daquilo! O pior é que ela conhecia a moça que enfeitiçara seu deus grego, sua perdição na Terra, embora tivesse a certeza de que ele seria a sua redenção, a sua salvação daquela vidinha chata e sem novidade com a qual convivia. Sempre quis e muito viver um grande amor, por isso amava os versos de Moraes com a "receita" para desfrutar de um, mas infelizmente tudo ficava só em sua mente e em seus sonhos... Pelo menos sonhar é permitido. Repetia para si os versos do poetinha "para viver um grande amor preciso é muita concentração e pouco siso, muita seriedade e pouco riso", mas como viver os versos imortais do poeta das paixões? Como? Como? Eram sempre as perguntas que tumultuavam sua cabeça cheia de dúvidas e com uma certeza: desejava aquele homem, o queria para si e mais ninguém...
             Ele? Ele sequer sabia dos desejos mais loucos e ardentes que pulsavam no corpo e habitavam a mente dela. Quando a via, era muito simpático, mas do mesmo modo o fazia com as outras mulheres. Decidiu então ir à luta e vencer a peleja por ela criada. Fantasiou como seria o primeiro olhar de amor dos dois, seu corpo ficou todo arrepiado, todo ouriçado por aquilo. Vestiu-se todos os dias para causar nele o impacto que planejava em seus longos e deliciosos devaneios noturnos. Maquiava-se religiosamente de acordo com o que supunha que ele gostasse de ver em uma mulher. Coloria-se para ele, bordava-se para ele, vivia para ele.
             E um dia abriu o livro do poetinha, ou melhor, do poetão que amava amar do mesmo modo como ela vivia o amor que julgava estar sendo vivido, e lendo seus versos de amores vividos, consumados e findados percebeu que algo estava errado em seu filme a la Wood Allen concebido e interpretado por ela há tanto tempo... Sentiu um nó na garganta e lágrimas escorreram-lhe pelo rosto sem que ela entendesse se aquilo era por amar ou por descobrir ter amado durante tanto tempo sozinha. Entristeceu-se e enlutou-se por aquele lindo amor ter chegado ao fim, ao menos pra ela havia acabado.
             Quando o sol raiou e a despertou, ainda trôpega e meio atordoada por tanto chorar, resolveu caminhar, mas uma mensagem matinal a obrigou a se banhar, um amigo precisava com ela desabafar e quem sabe seria ele um bom ouvinte de seus problemas? Por que não falar pra ele que o amor lhe dera as costas e ingrato a abandonou?
              Assim que o viu, achou estranho o seu olhar, mais estranho ainda era o livro que tinha em mãos "Para viver um grande amor". Sorriu. Caminhou e concluiu parafraseando seu poeta predileto "Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva escura e desvairada não se souber achar a(o) bem-amada (o) - para viver um grande amor."

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Curte, compartilha e...

        Assim que seus olhos se abriram, suas mãos começaram a suar, um tremor invadiu suas pernas e tomou de assombro o seu coração. Há quanto tempo estava dormindo? Olhou no relógio, certificou-se que estava em sua casa, deitou-se novamente e ao fechar de seus olhos aquela estranha e insistente sensação retornara ao seu corpo. Percebeu que não poderia dormir novamente e muito menos voltar para aquele sonho que a trouxe de volta à vida. Sim, como pode um sonho ser capaz de despertar sensações e sentimentos há tempos adormecidos? "Acho que estou ficando louca", foi assim que desculpou-se por sentir-se tão viva em sua rotina rotineira e tão previsível. Como de costume, foi para o banho e lá ainda pôde de alguma forma saborear o sonho tão instigante que tivera.
        Saiu e sentiu que precisava de mais tempo para chegar ao trabalho, já que queria poder desfrutar das imagens tão vivas que pipocavam e a acompanhavam desde que acordara. Parou no ponto de ônibus e esperou, sabe-se lá por quanto tempo ficou ali parada, ali calada, ali apaixonada. Sim, apaixonada por alguém que sequer sabia de sua existência. Assim ela pensava.
        Atrasou-se, mas rejuvenesceu naquele caminho que fez. Ainda absorvida pelo que sonhara não suou frio ao ser recepcionada por seu chefe rispidamente. Foi para sua mesa, mas quis o destino ou o seu subconsciente que ela mudasse sua rota, quando viu estava no meio da sala de criação, onde ele, o criador de sua nova vida gesticulava com enorme paixão. Ouviu chamar seu nome e só ele tinha aquele timbre de voz. Sorriu e ele também. "No meio de tanta gente eu encontrei você", trilha sonora para seu contato visual... "Nossa! De onde saiu essa música?", a sua sonoplastia fora interrompida pelo convite "Vamos tomar uma cervejinha hoje?", "Nós?", "Sim, nós!". Corou-se e respondeu que sim, rapidamente voltou para a realidade de seu trabalho e entendeu que o "nós" era pra todos e não para eles dois. Mas animou-se, quem sabe?
         Passou o dia todo pensando que deveria ter colocado uma roupa mais descolada, mais surpreendente, lembrou-se que não estava depilada, que sua sobrancelha estava horrorosa e olhou para suas mãos com o esmalte descascado. Era o fim! Ou melhor era a tragédia anunciada. Deu um jeito e saiu mais cedo. Foi ao shopping e deu um jeitinho em seu visual. Sentiu-se bem, sentiu-se viva, lembrou do sonho, ouviu a voz dele ecoando em seu corpo, arrepiou-se e amou-se!
         Com certeza ninguém esperava que ela aparecesse tão diferente no happy hour, aliás felicidade era o que estava sentindo, tinha a certeza de que poderia concretizar o que seu subconsciente viveu. Novamente quis o destino que ela sentasse ao lado dele. A energia daquele homem era hipnotizadora e passou um tempo absorta em apenas olhá-lo. As cervejas foram deixando-na mais à vontade e alguns toques casuais ocorreram entre eles até que ela de lá levantou-se para no banheiro recuperar seu fôlego.
         O tempo passou naquela mesa e ela cada vez mais encantava-se por ele. A voz dele reacendia cada vez mais seus desejos adormecidos. Os olhos tão vivos e tão misteriosos a seduziam cada vez mais. Iniciaram uma conversa mais íntima e mais animada. Ficaram só os dois, duas almas cheias de desejos similares, duas mentes compactuando cada vez mais os mesmos ideais.
          "Disse sim, vou com você para sua casa!". Saíram e se perderam entre desejos, beijos e promessas. O dia raiou, mas ele não era o mesmo da noite anterior. Sério, calado, parecia até arrependido, monossilábico. "Não posso chegar com a mesma roupa de ontem no trabalho", "E eu não posso chegar com você". Mais nada falaram. Não se despediram. Se desligaram. Nunca mais se conectaram. Ela não chorou e muito menos se arrependeu. O tempo é de amores fugazes, vida editada para ser "feliz" no facebook. É isso, curtiram, compartilharam e desfizeram a amizade num clique... Simples assim...
         

















         

sábado, 11 de janeiro de 2014

Como é difícil acordar com esse corpo e essa vida que não correspondem aos desejos da alma. O corpo é um reflexo da solidão do desejo que me encontro e a vida é vivida por outros tantos eus que eu mesma nem sei de quem se trata. Onde está meu eu no meio dessa loucura da qual tenho feito parte? A felicidade que vivo é latente assim como o desejo pulsante por tantas outras coisas... Que falta sinto de poder ter em minhas mãos o controle de meus sonhos, desejos e atos...