Simpaticamente o dia raiou e convidativamente o acordou. Disposto, revigorado e exalando amor chegou ao seu terrível, chato e insonso escritório. Aquelas baias não eram mais problemas para ele. Seu celular ficou no bolso o tempo todo, algo que não fazia, pois sempre abominou aqueles que não desgrudavam desses aparelhinhos maquiavélicos inventados apenas pra afastar corações e destruir sentimentos.
Achou-se no direito de mandar uma mensagem "fofa" para ela, não, muito meloso seria isso, então, como um artilheiro nato, matou a bola no peito e com toda a certeza do mundo que aquele gol já estava ganho, ou melhor, que o campeonato já tinha o seu campeão, foi direto: "quero beijar você". A resposta não o convenceu,.. achou fria, boba e até agressiva. Mandei pra pessoa de ontem, mesmo? Porém, resolveu brincar e provocar seu leão, ou melhor, sua leoa. Recebeu os desejosos beijinhos, não seria esse o sinal de que deveria pegar a bola e encerrar o jogo com um aperto cordial de mãos? não, um jogador artilheiro não olha pros lados, é egoísta, chato, marrento. E como um novo Romário decidiu investir em seu gol.
Achou sinceramente que tudo estava encaminhado, Oras, ela me quer! Me manda beijos, me chama de lindo, faria isso se não me desejasse?
Mal ele sabia que para ela ele era sua vaidade, como diria a canção da marrom, que todos os apaixonados ouvem, principalmente aqueles que não se decidem... Sim, o amor é brega, cafona e cheio de idiotices... E ele mais um idiota apaixonado abriu seu coração... E... Nada de receber de volta um pouco de amor, apenas carinhas e frases monotemáticas, cheias de duvidas... Ele, como todo cego de amor, acreditou ser charme, mulher gosta de um charminho. E ansioso findou-se aquele dia.
O dia do seu convite chegou e ele sabendo que não era chato, burro e muito menos feio, começou a achar que tinha feito a maior tolice de sua vida. Mas um coração cheio de amor é um peito lotado de ilusão e nela se agarrou até o momento que o juiz apitou o fim do jogo. Sabe, o Romário não marcou nenhum gol. Saiu de campo arrasado, humilhado, mesmo com a torcida gritando seu nome. Não, não queria o grito da torcida, queria uma única e bela torcedora chamando por seu nome. Pedindo para que fosse o artilheiro de seu coração... Mas, jogo é jogo... um perde e outro ganha. O que dói na alma dele é a certeza de saber que não entrou pra jogar, mas sim partilhar uma vitória chamada AMOR...