terça-feira, 10 de março de 2009

Desordem da alma

Ao abrir os olhos ela percebeu que algo estava diferente em sua cama e aquela estranheza estendia-se aos seus lençóis, fronhas e travesseiros. Verdadeiramente algo estranho pairava naquele quarto da avenida principal de sua estranha cidade de São Paulo. Será que a cama encontrou-se com a mais louca estranheza da cidade? Bobagem, deixa pra lá... Olhou-se no espelho, como realizava costumeiramente antes de despir-se para entrar no banho. Olhos, boca, nariz, respiração, a mesma sensação anterior... Que desgraça era aquela agora? Isso não era momento e muito menos hora de acontecer um negócio assim... O banho! Despiu-se rapidamente, diferente do habitual ritual que mantinha todas as manhãs... E ela era uma moça que respeitava certos rituais e os cultuava, devido a importância desses atos para a... Não sabia explicar... Talvez esse e outros tantos hábitos fossem por ela conservados, para que nunca se esquecesse do que é padrão. Da ordem. Do natural andar de cada elemento do mundo, isso sendo os animais ou os seres humanos... O banho! Tentou ser rápida, como de costume, mas tudo andava conforme o refrão de uma canção do Moska "não quero a ordem natural das coisas. não quero mais a ordem..." . O sabonete e a água resolveram namorar durante o banho e mais ainda, o corpo dela era o local para que os enamorados ficassem cada vez mais apaixonados. O banho! Terminou com a alegria dos amantes e novamente a sua imagem refletiu-se no espelho! Maldita hora! Tenebrosa hora! Que olhos são esses? Eles não tinham mais a certeza do dia anterior... Da noite anterior, do momento anterior aos olhos dele... Dele... Só ele... Apenas ele...A culpa pela desordem do tempo seria dele? O coração estremeceu, as pernas tremeram e o suspiro deu-lhe um beijo em seus braços... Como não seria isso?
Sentou-se a cama, nela deitou-se e como há tempos não fazia, gargalhou... A sua felicidade não inundava só o seu quarto, mas todo o prédio. até mesmo a dona do cão mais bravo do mundo pôde sentir o estremecer daquela apaixonada e estranha gargalhada...Perdi! Foi o que pensou! Perdi o meu eu para encontrar o nosso. Os olhos dele eram o céu noturno em seu dia... quantos mistérios envolvem aquele que fez dela uma desordem e estranheza total... Não se sabe... E vestiu-se com a mais louca e estranha emoção. Espelho. Sorriu, lembrando da pergunta de sua aluna: como se sabe quando se ama?
Os olhos! Aqueles olhos!

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